“Qual a duração ideal de um vídeo no YouTube?”
Quantas vezes já ouvimos essa pergunta, não é mesmo? “Depende” é a resposta mais adequada, mas que não nos ajuda na hora de escrever um roteiro.
No YouTube, essa dúvida é ainda mais comum. Ao contrário de outras redes sociais, nas quais o mais recomendado hoje é investir em vídeos curtos, a plataforma é essa grande vitrine onde cabem produtos de quase todos os tamanhos. Para você ter uma ideia, o YouTube aceita o envio de vídeos com até 12 horas de duração.
Muito?! E se eu te disser que existe um vídeo de 11 horas, de dezembro de 2015, com quase 400 mil visualizações? É um conteúdo de humor que usou essa forma inusitada a favor de uma história. Por isso, chamou a atenção e foi até citado no livro do Camilo Coutinho, estrategista digital super fera em YouTube.
Ainda sobre o mito da duração de vídeos e mais no campo da “normalidade”, o Bradesco liderou as visualizações no YouTube em 2020 com seis das dez campanhas mais assistidas na plataforma. A marca apostou em vídeos de 30 segundos a 3 minutos. Prova de que não há necessariamente uma receita.
Vídeos pedem uma atenção qualificada
Ao contrário de um texto que você pode passar o olho e ter rapidamente uma ideia do assunto, o vídeo pede que a gente realmente pare. Ou seja: é preciso doar a nossa atenção de uma forma diferente.
Atenção tem a ver com gatilhos, mas também com afeto. E isso não se constrói da noite para o dia.
Por isso, muito mais do que tentar aplicar regras de manuais, vale entender a jornada do seu público. O vínculo estabelecido com a sua marca é o que vai dar pistas sobre o nível de atenção da sua audiência.
Sabe aquele amigo com quem você conversa por horas e nem sente o tempo passar? É por aí...
Pense na relação com o seu público no digital como uma amizade real
Não é à toa que Camilo Coutinho compara a relação com o público no digital a um relacionamento real. Quer dizer: não é de primeira que as pessoas vão te dar atenção, não é mesmo? É como se você tivesse que se esforçar para conquistar o primeiro olhar.
Coutinho fala em cinco grupos principais de vídeos, sendo o primeiro deles o que chama de "rapidinhas", de 6 a 15 segundos, mais comuns em outras redes sociais. No quinto grupo, ficam os conteúdos mais longos, caracterizados por vídeos do tipo "formação", acima de 90 minutos.
Nas minhas entrevistas com diferentes públicos sobre consumo de vídeo online, também é comum aparecerem duas categorias centrais na fala das pessoas: vídeos curtos, de até 7 minutos, e vídeos longos, de 15 a 30 minutos.
No final das contas, "curto" e "longo" podem ser entendidos de formas diferentes por cada público, mas o que não muda é a certeza de que o nível de atenção dedicado a você tem tudo a ver com o relacionamento construído.
À medida que o vínculo entre você e seu público se fortalece, a chance de as pessoas te darem atenção aumenta.
Ou seja: parar para assistir um vídeo de 15 minutos é praticamente uma declaração de amor!
E, para ajudar na compreensão do nível de relacionamento com o seu público, gosto muito de pensar no caminho proposto por Kotler no livro "Marketing 4.0: Do Tradicional ao Digital".
Dá uma olhada. Qual a cor da relação com a sua audiência?
Fonte: Arte criada do livro Marketing 4.0: Do Tradicional ao Digital
Eu sei = Assimilação
São várias marcas e a sua é apenas mais uma. Ainda não há vínculo com o seu público. O nível de atenção é baixo. É o lugar dos vídeos até 60 segundos.
Eu gosto = Atração
Diante de tantas possibilidades, a sua marca se destacou, gerando interesse na audiência. Vídeos de até dois minutos são bem-vindos.
Estou convencido = Arguição
O seu público começa, então, a querer saber mais sobre a sua marca. Você pode oferecer vídeos de cinco a sete minutos.
Estou comprando = Ação
A sua audiência compra a sua ideia, o seu produto ou serviço. Ela vê em você alguém capaz de resolver o problema dela e retribui isso na forma de uma atenção qualificada. O vínculo está criado. Vídeos de 15 a 30 minutos são possíveis.
Eu recomendo = Apologia
O nível de atenção é tão alto que o seu público quer que mais pessoas vejam e ouçam o que você tem a dizer.
Nunca é demais lembrar que pensar a jornada do seu público acaba sendo uma forma de se conectar com as necessidades dele e entender o que mais desperta sua atenção frente aos muitos conteúdos aos quais já tem acesso.
E não esqueça: faça do YouTube Analytics o seu melhor amigo! Acompanhe o desempenho dos seus vídeos e vá testando melhorias.
E aí? Ficou mais fácil pensar na duração do seu próximo vídeo? Conta aqui como você lida com essa dúvida tão comum.
Dicas de leitura:
Marketing 4.0: Do Tradicional ao Digital, de Philip Kotler, Hermawan Kartajaya, Iwan Setiawan
Vídeos que Vendem Mais, de Camilo Coutinho