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Síndrome de Impostora, você também já se viu assim?

Síndrome de Impostora, você também já se viu assim?
Mariana Uchôa
abr. 20 - 3 min de leitura
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Hoje eu gostaria de trazer o lado negativo de falar para uma mulher que ela tem Síndrome de Impostora. 

Este é um conceito psicologizado que descreve um padrão de comportamento na qual a pessoa, em geral uma mulher, duvida de suas realizações e tem um medo persistente de ser vista como incompetente. Também conhecida como síndrome da fraude, não se trata de uma desordem psicológica reconhecida oficialmente no Código Internacional de Doenças ou no Manual de Diagnósticos de Desordens Mentais, embora tenha ganhado cada vez maior espaço nas redes sociais. 

Dicas para “tratamento” são as mais diversas e vão da terapia ao desenvolvimento da autoestima, autoconhecimento, empoderamento feminino. 

Quantas mulheres em idade profissional já ouviram algo sobre o assunto e se identificaram com o conceito? 

Sinto que estamos lidando com essa questão de maneira pouco questionadora e até nos autodiagnosticando ou diagnosticando nossas amigas de forma imprudente. 

Acredito que esse conceito de síndrome da impostora pode produzir sobre as mulheres um processo perigoso de culpabilização, trazendo um peso enorme. Precisamos nos atentar para as forças que operam diariamente, nos diversos espaços onde estamos inseridas, que atuam para que sintamos que não somos capazes, que não vamos conseguir ou que temos desafios enormes que precisar tratar e enfrentar sozinhas. Colocando sempre a solução dos problemas como algo a ser resolvido dentro de nós. 

Como psicóloga sempre defenderei a terapia e demais processos de desenvolvimento pessoal como estratégias de enfrentamento para nossos desafios, mas não podemos achar que basta romper com esse padrão da Síndrome da Impostora que vamos vencer sozinhas o machismo e demais formas de opressão. São diversas as evidencias reais que mostram o preconceito de gênero dentro das famílias, o desconforto de algumas pessoas com a liderança e o destaque feminino no ambiente corporativo e na política. Ou seja, a dúvida sobre o seu potencial não existe apenas na sua cabeça! Muito possivelmente se você se sente assim é porque existe todo um contexto social, no seu entorno, que foi pensado e criado para que você questione suas conquistas.

Sempre me preocupo com os lugares que a “síndrome de impostora” e a “autosabotagem” ocupam em nossas vidas, fazendo com que muitas de nós se culpem por construções que não são individuais, mas estruturais, sociais e, portanto, coletivas.

Então vencer nossos desafios passa sim pela autoresponsabilidade, mas é preciso responsabilizar também, e principalmente, o patriarcado.

Se reconhecer como impostora, para além de reforçar a culpa, não ataca todo um conjunto de práticas marcadas por estereótipo, dominação, violência e abuso. Precisamos reconhecer sim em nós aquilo que nos despotencializa, mas coletivamente precisamos cobrar a mudança dos ambientes desiguais e tóxicos em que estamos inseridas e não apenas corrigir mulheres e seus padrões de comportamento.

 


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