Eu sempre me faço essa pergunta quando vejo alguma empresa anunciando uma determinada vaga e fico pensando sobre o quão pode ser prejudicial esse vínculo empregatício. Uma relação de dependência ditada pela lei da oferta e da procura em que, muitas vezes, pode-se adquirir um produto ou mão-de-obra um valor bem abaixo do que realmente vale.
Com o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, o candidato que deseja conquistar aquela tão sonhada recolocação precisa estar atualizado tanto referente às competências técnicas quanto às comportamentais. Já somos mais de 12 milhões de desempregados e questões básicas como empatia e informações sobre o processo seletivo se tornam mais difíceis.
Depois da pandemia, fomos meio que obrigados a fazer a transformação digital às pressas e vagas home office são realidade em boa parte das profissões, mas ainda precisamos desenvolver a parte humana tanto no atendimento ao cliente quanto no relacionamento com os funcionários desde à candidatura até a efetivação.
Trabalho no mercado de comunicação há uns 10 anos e não consigo me acostumar com a falta de um feedback das instituições quando ofertam uma vaga para um determinado cargo. Por ser uma área mais dinâmica, em constante mudança, as agências de publicidade não tem muita exigência em formalidades do tipo “Como montar um bom currículo” e quanto mais diferente, melhor. Então, você precisa usar toda criatividade para chamar atenção e se destacar entre os outros candidatos.
Quando alguém anuncia uma oportunidade de emprego, é preciso ter em mente que não é só uma vaga. Existem muitas coisas envolvidas, além do desespero do candidato por estar sem trabalho. Algumas empresas divulgam os requisitos e os conhecimentos desejados para a determinada função, mas não diz informações primárias como horário, remuneração, podendo até citar que será informado durante o processo seletivo. Ou seja, “se você tiver precisando de emprego, estamos precisando de funcionário”.
Acredito que essas coisas acontecem muito em pequenas e médias empresas visto nas maiores existem um setor de RH que cuida desse processo. Mas uma das questões que mais tenho ouvido reclamações, inclusive de médias e grandes empresas é a falta de feedback após o candidato depositar todas suas esperanças naquela oportunidade.
Depois de fazer milhões de cursos gratuitos e sem experiência profissional, o candidato falta aula, chega antes do horário com medo de perder o ônibus, usa a sua melhor roupa e chega ao local determinado. Responde mil perguntas e ao terminar, só um “Entramos em contato, caso você seja selecionado.”. Passa um dia, uma semana, um mês e a resposta não chega. Nem um e-mail, nem um SMS, nem uma ligação… Nem uma resposta positiva, nem uma resposta negativa. O desfecho da história vem por dedução.
O surgimento de startups, como a Nubank, vem pra dar aquele “sacode” nas empresas tradicionais trazendo as relações humanas e o conceito de empatia para o foco da atenção no mundo corporativo. A internet está transformando nossa maneira de viver e ver o mundo desde a década de 90, mas nunca houve um debate sobre empatia entre empregador e candidato como agora. Afinal, todo funcionário, já foi candidato um dia, concorda?