Há 7 meses atrás, quem ousaria ir contra os economistas quando afirmavam que o mundo não pode parar?
Alguns. Aqueles que já reconheciam que os recursos do mundo são finitos e foram chamados de loucos, dentre eles, ambientalistas, artistas, indígenas, ativistas e os intuitivos.
Em mim, ressoa a frase de Ailton Krenak, a maior liderança indígena do Brasil, no brilhante artigo escrito nestes dias manchados de dor e cinismo - O amanhã não está à venda:
“ a Terra é uma só, a Natureza somos todos nós”.
Fiel à narrativa dos povos indígenas que nos emprestaram o Brasil para morarmos, Krenak questiona uma humanidade separada da natureza.
Há uma Terra saudável para os homens e perversa para a natureza?
A pandemia trouxe a oportunidades para alguns de estar em silêncio com seu tempo interno. Uma pausa obrigatória para olharmos para dentro. Uma pausa para sermos mais e mais nós mesmos. Para fortificarmos o que de melhor temos e quiçá reunirmos forças para lidar com o que precisamos aprimorar em nós.
Porque ainda somos desiguais e desumanos e insistimos em nos colocarmos separados da natureza, as desigualdades sociais ainda são chagas que foram escancaradas nesta pandemia e o mapa do contágio demonstra quem são os mais atingidos pelo vírus – pobres e pretos. Há bolhas de contaminação, pode?
Lavamos, limpamos, cozinhamos, lives e lives depois, como estamos?
Há os que leram os livros encostados num canto qualquer, os que meditaram, os que foram vergonhosamente demitidos na vigência do plano antidemissional, os que se separaram porque a proximidade não suportou o desamor que já estava ali e não foi encarado porque o dia-dia escondeu, os que foram socorridos por estranhos, há os donos de negócios por entrega que cresceram e se multiplicaram.
Nesse retiro obrigatório, nos defrontamos com nossas vicissitudes.
Queríamos tanto ter tempo livre para colocar em dia muitas tarefas e pequenos desejos e, surpreendentemente, não o fizemos.
Por que?
Disseram alguns especialistas “psi” que nossas mentes não ficaram vazias como supostamente se previu; cabeças cheias de medos e dúvidas sobre o futuro, louça se acumulando na pia, inundação de notícias avassaladoras, desgoverno e crise, rotinas modificadas sem aviso prévio.
Preenchidos pelo medo de tudo e todos, restou pouco vazio a ser preenchido.
Uma certa nostalgia do que não se fez ainda, faremos?
Uma certa saudade de lugares sonhados e visitados, voltaremos?
Um desencontro consigo imaginado melhor, haverá tempo para conserto?
Melhor ir assistir uma live...
Sou Laize de Barros, eu ajudo pessoas a criar futuros possíveis. Se você quer saber mais sobre como alinhar sua história de vida à criação de um projeto de vida e carreira, me procura para mentorias. Sou psicóloga e Mestre em Educação(USP), professora universitária e facilitadora certificada para uso de ferramentas de diálogo. Nas horas vagas, padeira e escritora de histórias de vida, as minhas e as que espio nas janelas da vida. https://linktr.ee/laize_de_barros