Se você trabalha com marketing ou branding, sabe que o processo de construção de marca não é algo que acontece da noite para o dia. Ele demanda um trabalho árduo e constante, mas pode trazer grandes resultados. Afinal, um bom brand equity te ajuda a otimizar custos de propaganda e aumenta muito a sua presença na mente dos consumidores.
A maioria das pessoas busca nas marcas uma chancela de qualidade. Vivemos em uma disputa constante pela atenção do consumidor e cultivar uma marca forte vai te ajudar a conquistar credibilidade e autoridade. Por isso, não podemos descuidar da gestão das nossas marcas.
Eu adoro esse assunto e vou trazer alguns pontos de reflexão e dicas bem práticas para quem, assim como eu, está passando pelo complexo e delicioso processo de construir uma marca. Vamos lá?
Comece escolhendo a sua tribo
Primeiro, você precisa desapegar da ideia de agradar a todos! Estamos na era da customização, onde o consumidor quer se conectar e compartilhar valores com as marcas. E não é viável compartilhar valores com todo mundo, não é mesmo?
“Todo mundo é muita gente. Todo mundo é um grupo muito diversificado, muito grande e indiferente demais para que você consiga implementar a mudança”, diz o autor Seth Godin, no livro “Isso é Marketing”, no qual ele defende a criação de um mercado mínimo viável, baseado na observação de perfis psicográficos.
Um exercício que faz parte do planejamento de marketing digital e pode te ajudar muito é o mapeamento de personas. Nesse processo, você define informações-chave sobre o seu consumidor: faixa etária, gênero, hábitos de consumo, profissão e muito mais. Isso vai te dar um norte na hora de planejar as suas ações e entender se elas estão fazendo sentido para o seu público.
Agora, defina o seu posicionamento
Segundo os autores Al Ries e Jack Trout, “Posicionamento não é o que se faz com o produto. Posicionamento é o que se faz com a mente dos clientes em potencial”.
Pensa só: você quer que o consumidor lembre da sua marca como a mais rápida? A que oferece a melhor qualidade? O melhor custo-benefício? A que resolve algum problema? Essa é a decisão que você precisa tomar para chegar a um posicionamento e traduzi-lo em ações.
Com isso definido, todas as suas decisões de marca devem contribuir para criar essa experiência: os temas que ela vai tratar, as mensagens de propaganda, as cores da sua identidade visual...enfim, todos esses elementos vão ajudando a criar uma imagem na cabeça do consumidor e é essencial que tudo ande de mãos dadas.
E lembre-se: posicionamento anda junto com propósito
Propósito é a palavra da vez. Todos os grandes empresários falam disso, e parece que para fazer sucesso, a sua empresa precisa ter um. Eu não sou fã de verdades absolutas, mas gosto de olhar para o propósito como um grande direcionador estratégico.
Simon Sinek diz que as pessoas não compram o que você faz, e sim o porquê você faz. Ele defende que as empresas tenham um propósito claro porque tudo começa de dentro. Não é apenas sobre divulgar os seus produtos e serviços, mas sim deixar claro que eles nasceram de algo maior.
Um estudo recente da Ana Couto branding em parceria com a Officina Sophia Conhecimento Aplicado revelou que jovens consumidores estão mais dispostos a comprar um produto ou escolher uma marca que tenha um propósito relevante e podem inclusive decidir pagar mais por isso.
As pessoas querem fazer a diferença e entendem que muitas vezes o ato de comprar de uma marca que contribui para tornar o mundo um lugar melhor, é um passo nesse caminho! E aí, será que a sua marca está pronta para esse novo cenário de consumo?
Tenha coerência
A época em que a comunicação das marcas era uma via de mão única já passou. Hoje, o consumidor também possui voz para dar as suas opiniões e influenciar pessoas. Por isso, a coerência é tão importante. Se a sua marca prega uma coisa na propaganda, mas age de forma diferente no dia a dia, saiba que isso vai vir à tona em algum momento e o seu cliente vai deixar de acreditar no seu discurso.
Por isso, você deve pensar menos em “storytelling” e mais em “storydoing”. Acredita que o seu público é amigável à causa racial e quer se apropriar disso na sua comunicação? Perfeito, mas comece olhando para dentro. Observe quantos colaboradores negros você tem e avalie quais são as políticas de diversidade e inclusão adotadas pela empresa. Se isso estiver bem resolvido da porta para dentro, aí sim é hora de comunicar para os seus clientes. :)
E não esqueça da consistência
Quando falamos de construção de marca, precisamos lembrar que é muito raro que as coisas aconteçam da noite para o dia.
Por isso, a consistência é tão importante. Você acha que guardamos todos os estímulos de marca que recebemos em um dia? Não mesmo. É por isso que talvez você precise dizer a mesma coisa mais uma vez, de formas diferentes, para garantir que o seu público tenha clareza sobre as informações.
Além disso, lembre-se que não adianta atirar para todos os lados. Ajustes na rota são necessários e fazem parte do processo, mas se certifique de que eles estarão alinhados ao seu posicionamento e não vão confundir o seu público. Tenha paciência e acredite no processo. :)
Humanize a sua marca
Pessoas se conectam com pessoas. Você já reparou que a era das marcas inalcançáveis acabou? Hoje, elas querem se comunicar e conversar com o consumidor de igual para igual (ou quase isso). E os porta-vozes possuem muita importância nesse processo.
Marcas como Magazine Luiza e XP Investimentos cresceram junto com a marca pessoal de seus fundadores. Já marcas mais contemporâneas como Liv Up e Desinchá usam influenciadores como parte central da sua estratégia de marketing e branding. Essas ações criam conexões de forma bem mais rápida do que uma simples peça publicitária!
A moral da história é: se alie a pessoas. Elas vão te ajudar a se conectar com o seu público. Mas tome cuidado: antes de vincular a sua marca a um influenciador, faça uma pesquisa e entenda se os valores e temas abordados estão alinhados à sua marca. Afinal, estamos vivendo a era do cancelamento e qualquer deslize pode se tornar uma grande crise nas redes sociais.
E por último, mas não menos importante: escute os seus consumidores e interaja com eles.
Já sabemos que o usuário quer interagir com o que está na tela e até mesmo publicar as suas ideias. Toda vez que a sua marca lançar algum conteúdo ou mensagem publicitária, fique de olho nas reações. Entenda se elas são positivas, negativas ou neutras. E lembre-se: o próprio silêncio é um grande indicador!
Seja data-driven. Fique de olho nos dados. Existem ferramentas simples e gratuitas que podem ser muito úteis. O Google Analytics vai te ajudar a entender como as pessoas navegam pelo seu site. As próprias redes sociais vão te dar um termômetro do que o seu público quer ouvir. Vale também fazer pesquisas com os seus consumidores para abrir um canal mais direto e tirar insights daí.
Lembrando que o processo de construção de marca não passa apenas pelas ações de comunicação ou marketing. Ele tem a ver com absolutamente todos os pontos de contato com os seus clientes. Todas as áreas da empresa precisam estar alinhadas com o posicionamento e com o propósito da marca, garantindo uma experiência única e memorável.
Veja abaixo alguns conteúdos que me ajudaram a criar esse texto e também podem ser muito úteis para o seu processo:
Neste vídeo, o professor Raul Santahelena fala sobre os 8 Cs de criação de marcas no phygital. Falamos de coerência e consistência por aqui, mas ele também vai te apresentar outros conceitos ótimos.
Daniela Cahich é CMO da Pepsico e cuida de algumas das marcas mais relevantes desse Brasil. Neste podcast, ela participa de uma conversa muito inspiradora sobre marketing e branding.
E por último, se você ainda não possui personas definidas no seu negócio, esse material da RDStation pode te ajudar demais a desenvolvê-las.
Espero que esse conteúdo possa te ajudar de alguma forma!
Vamos nos conectar no LinkedIn para continuar essa conversa? O meu perfil está aqui. :)
Nos vemos no próximo texto!