Nunca gostei muito de exercícios físicos. Na escola, eu era a última a ser escolhida para os times. Também era a que dizia que estava com cólicas para não fazer a aula. Tentei por diversas vezes entrar na academia e sempre sem sucesso. Nunca passei mais de três meses.
Sempre achei que esse negócio de endorfina era balela, uma coisa inventada para a gente continuar pagando as mensalidades em dia em busca de algo inalcançável.
Porém esse ano foi bem atípico, não é? Quando a pandemia começou a pipocar, eu, que há muito não assistia televisão, passei a acompanhar quase que compulsivamente. E aquela metralhadora de notícias de alguma forma sacudiu a minha mente.
Eu não conseguia mais dormir à noite. E passava os dias com sono. Aí eu pensei: caramba! Preciso cansar meu corpo de alguma forma, para que eu esteja tão exausta na hora de dormir que não seja dominada pela insônia.
Imbuída desse pressuposto, assinei um desses programas de exercício em casa e comecei minha nova jornada: agora, eu acordaria às 5 da matina para treinar!
E deu tão certo que estou ansiosa para que chegue o mês de março e pela primeira vez na minha vida eu complete um ano fazendo exercícios!!! Não é demais?
Hoje, eu posso considerar que adquiri um hábito. Ou não. Pode ser que amanhã eu desista. E o fato de eu pensar que talvez possa abandonar os exercícios me fez refletir sobre sua razão. E só posso chegar a uma conclusão: estereótipos.
Toda a minha vida eu fui acima do peso. E você já notou que a sociedade parece deslegitimar o fato que que pessoas gordas possam estar felizes do jeito que são e ainda quererem se exercitar? Que apenas consideram casos de sucesso se a atividade física vier atrelada a perda de peso?
Por não obter os resultados esperados era que eu desistia. E eu desistia antes de obter os verdadeiros resultados: prazer em realizar atividade, aumento de energia, felicidade... enfim.
Ainda bem que isso está mudando não é mesmo? Hoje eu vejo muitas pessoas querendo quebrar esse conceito e isso é muito bom.
Mas sempre terão aqueles que vão olhar uma pessoa fora do padrão e dizer: mas que uó! Eu escuto dica de dietas quase todos os dias e quando falo que vou na nutricionista e faço exercícios, recebo olhares incrédulos, como se eu só pudesse falar dessas coisas depois que atingisse alguma perda de peso.
Mas eu gosto de falar sobre isso para incentivar pessoas a refletirem sobre o que é, realmente, alcançar algum objetivo com seus corpos e assim quem sabe, criar uma corrente positiva de pessoas que pensam em saúde antes de pensar em padrões.
É meu jeito de pensar a vida.
E ah! Endorfina não é balela não ok?
E você, já passou por algo parecido? Me conta!