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Consumo consciente, moda consciente, marketing consciente: um convite à reflexão

Consumo consciente, moda consciente, marketing consciente: um convite à reflexão
Mariana Uchôa
mar. 3 - 4 min de leitura
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Consciência, substantivo feminino, do latim conscientĭa. 

Capacidade para discernir; discernimento, bom senso. Noção do que se passa em nós; conhecimento.

Muitas vezes eu tenho a sensação que a palavra consciente virou nicho de mercado, uma característica dentro de áreas específicas, como se fosse um selo para marcas ou empresas. Mas eu quero aqui falar da consciência como intenção, implicação com as nossas escolhas, seja na hora de consumir, produzir, nos relacionar.

Começamos a utilizar o conceito de consumo consciente, moda consciente, voto consciente de forma intensa e, talvez, sem "consciência"do que isso quer dizer e do convite que nos é feito quando ampliamos nossa consciência, ou seja, nossa capacidade de discernir, de perceber aquilo que nos atravessa.

Esse movimento consciente passa (também) pelas empresas

Pessoas e empresas se identificam com esse conceito de "conscientes" e vêm carregando essa ideia como bandeira, o que é ótimo. Mas precisamos refletir sobre aquilo que estamos fazendo com essa consciência, ou seja, com essa intenção de mudar caminhos. Nos questionar se estamos efetivamente levantando e conduzindo essa bandeira para produzir mudanças que nos levem para outros lugares e possibilidades coletivas, ou se estamos levando tudo isso para mais um nicho de mercado e abrindo caminho para que grandes empresas se apropriem desse discurso sem práticas legítimas. 

Claro que é essencial, necessário, talvez urgente, que grandes empresas acolham esse discurso. Afinal, são elas que apoiarão um movimento que faça com que a maioria da população tenha acesso aos produtos e serviços mais sustentáveis. E são também elas que empregam a maior parte da população, fazendo com que o exercício de práticas de trabalho e gestão responsáveis interfira de fato na sociedade. Mas é preciso fazer isso com verdade e está aí o perigo de nicharmos o conceito de consciência. 

Vale dizer que para mim o conceito de consciência não está dado, nem fechado, mas vem sendo construído a partir das nossas vivências sociais, na medida em que experimentamos, juntos, um novo modo de existência que tem se refletido  em nossas atitudes.

Dito isso, alinho o termo consumo consciente a uma noção de compra com intenção, rompendo novamente a perspectiva de consciência mercadológica, que simplesmente adiciona o termo consciente em marcas, como selo e adjetivo de boas práticas. Nem tudo aquilo que compramos  é possível escolher de marcas que se autointitulam conscientes e sustentáveis, assim como nem sempre é possível consumir de marcas pequenas ou com processos mais responsáveis.

Atrelar consumo consciente às empresas sustentáveis faz com que excluamos uma parcela gigantesca da população que, por uma infinidade de questões que vou optar por não trazer neste artigo, não acessa esses produtos e serviços.

Ligar consumo consciente às marcas deixa a percepção que está tudo bem consumir sem limite, desde que de marcas com selos específicos de garantias sociais e ambientais. Quando deslocamos o conceito das marcas, o relacionamos com escolha e intenção de consumo, dividimos a responsabilidade entre as empresas e as pessoas. 

Construção de políticas públicas que estimulem uma mudança de consciência que seja sistêmica

Não podemos esperar de forma inerte que empresas, indústrias, modifiquem sozinhas suas práticas, seu modo de produção. Sobretudo quando vivemos uma lógica de mercado baseada no capital. É aí que entra a necessidade de construção de políticas públicas voltadas para produção de mudanças de forma macro. 

Eu acredito verdadeiramente no poder do microempreendedor, da economia circular, da gestão colaborativa, do estímulo a produção e consumo local, fazendo o dinheiro circular de forma territorial e comunitária. Mas é inegável que neste mundo, da forma como está configurado hoje, a gente precisa que as grandes marcas entrem nesta pauta sobre sustentabilidade e responsabilidade, bem como os consumidores se apropriem desse debate.

 Essa mudança de consciência é de ordem sistêmica. 

E este texto nos chama atenção para que observemos se as mudanças que vêm sendo feitas até aqui estão sendo feitas de forma transparente, com intenção e consciência, para além de uma lógica de mercado e do capital. E que essa análise seja feita nas empresas, mas também (e principalmente) em nossas práticas, sobretudo em quem define as estratégias de comunicação. 


 


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