Você veio ao mundo de bicicleta ou de caminhão?
A frase em tom de brincadeira, é um divisor de águas entre otimistas e pessimistas, sobretudo refere-se á atitude diante dos inevitáveis obstáculos da vida.
Uns levam a vida com mais leveza e outros parecem carregar o mundo nas costas, como dizem.
Claro que precisamos distinguir entre otimismo e positividade tóxica, esta última invade nossos dias com os tais pensamentos positivos e mágicos ao invés de propostas de ações concretas.
Reconhecer nossas dores é uma etapa para o crescimento e a transformação.
Todos passamos momentos delicados e precisamos cuidar de nós, principalmente se o sofrimento virar uma forma de vida e nos impedir de ter uma rotina saudável de vida e trabalho.
Em travessias desafiadoras, precisamos “fazer de cada dia uma obra de arte”.
A arte tem demonstrado mais que nunca seu poder transformador.
A arte nos transporta para um lugar especial dentro de nós. Muitas vezes uma música, um filme, um livro nos trazem insights e soluções inesperadas para nossos desafios.
Por isso, divido aqui com você algumas “receitas poéticas”.
Receitas poéticas porque referem-se a modos de ser e de encarar a vida, são dicas de atitudes simples e assertivas, como prescrições, que visam tornar travessias desafiadoras mais leves e com arte.
Uma dica: aproveite a travessia turbulenta para se observar!
Nestes tempos de pandemia, eu escolhi reler o livro A arte de ser leve, de Leila Ferreira. A escritora, jornalista de ofício, faz um livro recheado de histórias com temas leves e plenos de lições de gentileza, felicidade e humor, mas sem perder a profundidade que o tema merece.
Saltam empatia, solidariedade, fraternidade e leveza das histórias contadas por Leila Ferreira. Em algumas, uma palavra, uma ação gentil fez toda a diferença na vida de uma cidade ou de uma pessoa.
Conheceremos a história da professora feliz que plantava rosas para enfeitar a cidade e expandir felicidade e a do antropólogo Tião Rocha que fundou uma instituição em Minas Gerais para incluir todas as crianças que lá chegassem e que, em sua maioria, já haviam sido expulsas de muitas escolas e espaços “antissociais”.
O neurocientista Ivan Izquierdo nos alerta para o valor do silêncio como antídoto aos excessos da vida moderna. E muitas outras histórias...
De forma lúdica, a autora demonstra que pequenas atitudes que beneficiam ao outro nos tornam mais leves, compassivos e empáticos se aprendermos a lidar com nosso tempo interno de forma autônoma permitindo que os outros façam o mesmo, sem cobranças e julgamentos.
A autora nos engaja em histórias de vida cheias de “moral” tal como nos adágios e fábulas, cuja tradição é a de tratar questões complexas sobre a vida, o bem e o mal, de forma simples e interessante, como As mil e uma noites, Ali Baba e os 40 ladrões.
Faço um convite pra uma viagem mais pra dentro de você!
Leia o livro como um convite para uma viagem mais pra dentro que por vezes é a mais longa e verdadeira que devemos fazer nesta vida curta.
Leia o livro como uma proposta para desacelerar.
Minha intenção é promover a observação atenta de nós mesmos e do nosso entorno para descobrirmos o que é vital para elevar nossa energia e confiança na vida.
Qual força pessoal posso acionar para garantir minha vitalidade?
Em travessias difíceis, é importante ser capaz de desenvolver a capacidade de extrair alegria de pequenas atividades cotidianas.
Ler um livro, ouvir uma música, meditar, comer bem, evitar companhias desagradáveis, escrever ou mesmo fazer nada, descansar, nos ajudam a silenciar e aquietar a mente para ficarmos bem.
Por vezes, a caminhada é árdua e precisamos de companhia na jornada para fazer o itinerário valer a pena.
Acredito que possamos ser realistas esperançosos, como escreveu nosso escritor Ariano Suassuna:
“O otimista é um tolo. O pessimista, é um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”.
Novos tempos se abrem após as adversidades e nos exigem uma força que nos impulsione para dar um salto e criar futuros possíveis.